segunda-feira, 30 de junho de 2014

"Sou católico e quero viver uma vida que agrade a Deus." - Afirma o capitão da seleção dos EUA



O gol marcado por Clint Dempsey na partida entre EUA e Gana aos 28 segundos de jogo foi o mais rápido desta edição da Copa do Mundo, e o quinto mais rápido de sempre. Contra Portugal, aos 31 anos de idade, o capitão da formação das estrelas e listas foi um dos melhores jogadores.

Dempsey é um líder em campo. Um homem sincero por fora, que não tem escrúpulos em falar da sua fé. Assim se mostrou numa entrevista que deu pouco antes de partir para o Brasil:

"Eu cresci numa família católica (em Nacogdoches, Texas) e ia à Missa com a minha avó todos os domingos. Graças a ela aprendi que a fé é importante.
Aos 12 anos a minha vida deu uma reviravolta que me marcou para sempre. A minha irmã Jennifer morreu de um aneurisma cerebral e eu encontrei-me perguntando o porquê de muitas coisas e o papel de Deus nisto tudo. Durante alguns anos cansei-me e afastei-me de Deus. Mas Ele foi paciente e lentamente curou-me e deu-me forças...
Na faculdade juntei-me a um grupo de estudo e leitura da Bíblia. A Palavra de Deus deu-me paz e criou o desejo de ter uma relação com Ele... Fazer-Lhe perguntas e procurar as respostas através da Escritura ajudou-me a crescer e a encontrar a direção certa. Agora é a fé em Cristo que me dá confiança no futuro. Sei que tanto nos momentos bons como maus Ele é fiel e cuida de mim.
Hoje rezo para ter força para percorrer a estrada que tenho pela frente...procuro dar o meu melhor em campo e agradeço a Deus pelas oportunidades e o sucesso que me deu. Eu quero fazer o bem, não cometer erros, e viver uma vida agradável a Deus."



Fonte: Links católicos

sábado, 28 de junho de 2014

Sobre a veneração e intercessão dos santos, e imagens sagradas

Muitos protestantes contestam a veneração e intercessão dos santos e o uso de imagens sacras. 

AMDG. Primeiramente, é importante lembrar: Deus nos convida à santidade. E, se nos convida, certamente não é algo impossível. A vontade dEle é a nossa santificação (cf. 1Ts. 4,3; Ef. 1,4), e com a Sua graça podemos consegui-la. São Zacarias também afirma isso, no Benedictus (Lc. 1,75), e há muitíssimas passagens que sustentam isso. Vale ressaltar, também, que, quando a Igreja diz que devemos ser santos, Ela não quer dizer sem pecado, mas sim que devemos ser alguém que serve verdadeiramente a Deus, que pratica heroicamente as virtudes (claro, com a graça de Deus, pois nada podemos fazer sem Ele). Ser santo é ser alguém que pode dizer, como São Paulo, para os outros o imitarem, pois é imitador de Cristo (cf. 1Cor. 5,16). É poder afirmar: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim.” (Gl. 2,20). Não é quem não cai, mas aquele que nunca desiste de se levantar. E, claro, o Santo por excelência é somente Deus.


Agora, quanto à intercessão. Uma passagem muito usada para contestá-la é Eclesiastes 9,5-6. Acontece que afirmou Jesus: “Aquele que crê em Mim viverá, ainda que morra, e quem vive e crê em mim nunca morrerá.” (Jo. 11,24-25). Vale lembrar, também, que é uma passagem do AT, e os judeus, por não terem a Revelação plena, como nós temos, criam (e creem) no Hades, como o da mitologia grega: um lugar onde os espíritos só ficam lá, numa eterna letargia. O cristianismo não crê nisso. Ainda, afirma o Senhor: “Perguntais por que não leva o filho a iniquidade do pai! É que o filho praticou a justiça e a equidade e, como observa e cumpre as minhas leis, também ele viverá. É o pecador que deve perecer. Nem o filho responderá pelas faltas do pai nem o pai pelas do filho. É ao justo que se imputará a justiça e ao mau a sua malícia. Se, no entanto, o mau renuncia a todos os seus erros para praticar as minhas leis e seguir a justiça e a equidade, então ele viverá decerto, e não há de perecer.” (Ez. 18,19-21). E São Pedro completa: Por esta razão, o Evangelho foi proclamado mesmo para os mortos, de modo que, apesar de terem sido julgados em carne e osso como todos são julgados, vivam em espírito segundo Deus. (1Pd. 4,6).
Eis alguns exemplos de intercessão (ou de que ela pode ocorrer):

E o Senhor disse-me: "Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de Mim, Meu coração não se voltaria para esse povo; tira-os da Minha face e retirem-se." (Jer. 15,1)

Então tomando-lhe a palavra, disse-lhe Onias: "Eis o amigo de seus irmãos, aquele que reza muito pelo povo e pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus." (II Mac. 15,14)

Deus fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado o seu corpo eram levados aos enfermos; e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espíritos malignos. (At. 19, 11-12).


A Bíblia também nos mostra que os santos estão conscientes dos acontecimentos terrenos (Lc. 15,17s; 16,27-31; Ap. 6,9ss) e nos dá evidências de que a comunicação é possível entre Céu e Terra, como no caso da Transfiguração do Senhor (Mat. 17) e da parábola do rico e de Lázaro (Lc. 16).
Em resumo, a intercessão dos santos é a mesma que ocorre na terra (p. ex. Moisés intercedendo pelo povo, o Senhor fazendo o milagre em Caná por intercessão de Sua Mãe, os Apóstolos intercedendo pelo povo com milagres extraordinários etc.), a diferença é que no Céu, como afirma Orígenes, a caridade é ainda maior, pois suas almas estão unidas a Deus, contemplando-O. Ou seja, o autor do milagre é Deus, e Ele é o único capaz disso. Porém, ele é feito por intercessão dos santos.
Esta é a crença dos primeiros cristãos [1].


Quanto às esculturas, a Bíblia mostra claramente que a proibição é a estátuas de ídolos, e não se estende a tudo. Os anjos e santos são servos de Deus, não ídolos, e Ele mesmo ordenou a construção de esculturas:

"Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade de uma parte, e outro querubim na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele." (Ex. 25,18-19)

“E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido quem olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo.” (Nm. 21,8-9)

O templo de Deus construído ricamente pelo rei Salomão estava cheio de imagens de escultura e Deus se manifestou nesse templo e o encheu de Sua glória. (Ez. 41,17-20; 43,4-6)




Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica [2]:

AS SANTAS IMAGENS


1159. A imagem sagrada, o «ícone» litúrgico, representa principalmente Cristo. Não pode representar o Deus invisível e incompreensível: foi a Encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova «economia» das imagens: «Outrora Deus, que não tem nem corpo nem figura, não podia de modo algum, ser representado por uma imagem. Mas agora, que Ele se fez ver na carne e viveu no meio dos homens, eu posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus [...] Contemplamos a glória do Senhor com o rosto descoberto» (33).

1160. A iconografia cristã transpõe para a imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra. Imagem e palavra esclarecem-se mutuamente: «Para dizer brevemente a nossa profissão de fé, nós conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou não, que nos foram transmitidas intactas. Uma delas é a representação pictórica das imagens, que está de acordo com a pregação da história evangélica, acreditando que, de verdade e não só de modo aparente, o Deus Verbo Se fez homem, o que é tão útil como proveitoso, pois as coisas que mutuamente se esclarecem têm indubitavelmente uma significação recíproca» (34).

1161. Todos os sinais da celebração litúrgica fazem referência a Cristo: também as imagens sagradas da Mãe de Deus e dos santos. De facto, elas significam Cristo que nelas é glorificado; manifestam «a nuvem de testemunhas» (Heb 12, 1) que continuam a participar na salvação do mundo e às quais estamos unidos, sobretudo na celebração sacramental. Através dos seus ícones, é o homem «à imagem de Deus», finalmente transfigurado «à sua semelhança» (35), que se revela à nossa fé – como ainda os anjos, também eles recapitulados em Cristo: «Seguindo a doutrina divinamente inspirada dos nossos santos Padres e a tradição da Igreja Católica, que nós sabemos ser a tradição do Espírito Santo que nela habita, definimos com toda a certeza e cuidado que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da Cruz preciosa e vivificante, pintadas, representadas em mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre as alfaias e vestes sagradas, nos muros e em quadros, nas casas e nos caminhos: e tanto a imagem de nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de nossa Senhora, a puríssima e santa Mãe de Deus, a dos santos anjos e de todos os santos e justos» (36).

1162. «A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para os meus olhos, e, tal como o espectáculo do campo, impele o meu coração a dar glória a Deus» (37). A contemplação dos sagrados ícones, unida à meditação da Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia dos sinais da celebração, para que o mistério celebrado se imprima na memória do coração e se exprima depois na vida nova dos fiéis.

33. São João Damasceno, De sacris imaginibus oratio 1, 16: PTS 17, 89 e 92 (PG 94, 1245 e 1248).
34. II Concílio de Niceia (em 787) Terminus: COD p. 135.
35. Cf. Rm 8, 29; 1 Jo 3, 2.
36. II Concílio de Niceia, Definitio de sacris imaginibus: DS 600.
37. São João Damasceno, De sacris imaginibus oratio 1, 47: PTS 17. 151 (PG 94, 1268).

Obs.: São João Damasceno viveu no séc. VIII, e PG significa Patrologia Grega.
Aliás, este mesmo santo escreveu uma apologia em defesa do das imagens sacras [3].


Em relação ao tratamento dado aos santos e anjos, vejamos a diferença entre veneração e adoração. Em sentido estrito, só se pode adorar a Deus, mas em sentido impróprio, não. Antes, ambos eram chamados de adoração: adoração dulia (que é em sentido impróprio), posteriormente chamada de veneração, e a adoração latria (que é em sentido estrito, e só se dirige a Deus). A Bíblia nos dá testemunho disso em vários trechos:

No mesmo ponto abriu o Senhor os olhos a Balaão, ele viu o Anjo parado no caminho com a espada desembainhada, e, prostrado por terra, o adorou. (Núm. 22,31)

Quando Abigail avistou Davi, desceu prontamente do jumento e prostrou-se com o rosto por terra diante dele. (I Reis 25,23)

Joab, prostrando-se por terra sobre o seu rosto, adorou e felicitou o rei. (II Reis 14,22)

Inclinando-se Betsabé profundamente, adorou o rei. (III Reis 1,16)

Chegou ela e lançando-se-lhe aos pés [de Eliseu], adorou prostrada em terra. (IV Reis 4,36s)

E todo o povo bendisse o Senhor Deus; e se prostraram e adoraram a Deus, e depois ao rei. (I Cro. 29,20)

Se se lê as passagens completas, vê-se que Deus nunca condenou esse culto dulia (hoje chamado, talvez para não haver confusão, de veneração). A veneração não é um culto supremo, mas é honrar, mostrar respeito. Pode-se ler pouco mais sobre isso neste pequeno artigo: 

Sugiro, também, a leitura da narração do martírio dum discípulo de São João Evangelista, São Policarpo de Esmirna: 


A obra atesta no, cap. XIII, que “mesmo antes do martírio, ele já fora constantemente venerado pela sua santidade de vida”, e no cap. XVIII, a guarda e veneração das relíquias do mártir: “Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos, mais preciosos do que pedras preciosas e mais valiosos do que o ouro, para colocá-los em lugar conveniente.”

Indico, ainda, a leitura desta obra de São Jerônimo (séc. V), na qual ele defende a veneração dos santos: 


E quanto a se prostrar diante de imagens, prostrar-se não é, necessariamente, adorar:

Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra. (Gênesis 18,2)

Sirvam-te os povos e prostrem-se as nações diante de ti! Sê o senhor dos teus irmãos, e curvem-se diante de ti os filhos de tua mãe! (Gênesis 27,29)

Jacó, levantando os olhos, viu Esaú [...] E ele [Jacó], passando adiante, prostrou-se até a terra sete vezes antes de se aproximar do seu irmão. (Gênesis 33, 1.3)

Desde sua chegada, os irmãos de José prostraram-se diante dele com o rosto por terra. (Gênesis 42,6)

Judá e seus irmãos entraram em casa de José, que estava ainda em sua casa, e prostraram-se por terra diante dele. (Gênesis 44,14)

Moisés saiu ao encontro de seu sogro, prostrou-se e beijou-o. Informaram-se mutuamente sobre a sua saúde e entraram na tenda. (Êxodo 18,7)

Josué rasgou suas vestes e prostrou-se com a face por terra até a tarde diante da arca do Senhor, tanto ele como os anciãos de Israel, e cobriram de pó as suas cabeças. (Josué 7,6)

Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: “Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo!”. (Mateus 18,26)

Então o carcereiro pediu luz, entrou e lançou-se trêmulo aos pés de Paulo e Silas. (Atos 16,29)


Por fim, recomendo estes vídeos:

"Deus está em todas as religiões" - Será?

Hoje existe uma tendência perigosa dentro da Igreja, tendência que vem da heresia de algumas pessoas que dizem: 

"Deus está em todas as religiões, todas as religiões são boas, deixe que cada um viva na sua religião e se salve na religião que ele escolheu. Quem é budista que fique no budismo. Quem é do Islã que fique aí, se salve aí. Quem é lá do candomblé, da macumba, que fique lá."

Não pode haver traição maior a Cristo e ao Evangelho do que alguém falar isto! Pois não tem outra salvação fora de Jesus Cristo. Como as pessoas vão se salvar em outras religiões se não tem Jesus Cristo? Como pode haver salvação em outras religiões se não tem o Sangue Redentor de Cristo que nos arrancou do inferno e das mãos do demônio? Como? Por isso que digo que é uma traição enorme, uma traição gigantesca a pessoa chegar e dizer assim: “A pessoa se salva lá onde ela está mesmo, deixa ela lá quietinha, não precisa lá evangelizar os índios, os africanos, o pessoal lá da macumba, do candomblé, do espiritismo, não precisa evangelizar esse povo, deixa eles lá, lá mesmo eles se salvam.” Aí eu pergunto: então pra que Jesus Cristo? Pra que Jesus Cristo veio ao mundo? Pra que Jesus Cristo morreu na Cruz? Por que Cristo institui a Igreja sobre os apóstolos? Por que Cristo mandou que os apóstolos fossem pelo mundo inteiro pregar o evangelho? Por que a Igreja, nesses 2000 anos, derramou tanto sangue dos seus filhos, deixando mártires em todos os continentes onde fosse exposta a Fé? Até o primeiro bispo do Brasil (Dom Fernandes Sardinha) foi assassinado e comido pelos índios caetés, mas pra que todo esse sacrifício? Pra que serviu os evangelizadores que foram desbravar o Japão, a Ásia, a Rússia e enfrentar os bárbaros para levar o Evangelho de Cristo, pra que isso? Pra que tudo isso já que as pessoas se salvam na sua própria religião?

Meus irmãos, isso é um perigo tremendo que o Vaticano já chamou a atenção dizendo que é algo perigosíssimo, pois isso anula o Evangelho, isso anula a Igreja, isso anula o Cristianismo. Se for assim não precisa mais da Igreja, não precisa mais evangelizar, não precisa mais de nada. O Papa Paulo VI, na Exortação Apostólica "Evangelli Nuntiandi", diz que a identidade da Igreja é evangelizar! A missão da Igreja é evangelizar, se a Igreja deixar de evangelizar ela deixa de ser Igreja, ela deixa de cumprir a sua missão. Se o Sol deixar de brilhar ele deixa de ser Sol, do mesmo modo, se a Igreja deixar de evangelizar ela deixa de ser Igreja.

"Ide ensinar todas as nações
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo."
É um perigo essa insinuação que a gente vê por aí de pessoas dizendo: "Deus está em todas as religiões". Ora, se Deus está em todas as religiões então não precisa do Cristianismo para salvar o mundo, não precisa do Catolicismo, não precisa dos Sacramentos, não precisa mais batizar ninguém, não precisa de confissão, não precisa mais de Eucaristia. Vamos voltar então ao paganismo do tempo de Roma, do tempo da Grécia e cada um se salva com seus "deuses". Ora meus irmãos, pelo amor de Deus, não é verdade que todas as religiões sejam boas! Claro que devemos respeitar todas as pessoas, a Igreja defende a liberdade de religião, cada um siga a religião que quiser, as pessoas têm o direito a isso e temos que respeitar, MAS, dizer que todas as religiões são boas? Então espera aí, pra que o Cristianismo? Então pra que o Catolicismo? Então vamos fechar as igrejas, vamos deixar de ordenar sacerdotes, não vamos mais celebrar missas, já que todas religiões são boas. Só que não é assim, nós sabemos que não é verdade que todas as religiões são boas, se fosse verdade todos os "deuses" seriam verdadeiros. O que caracteriza uma religião é exatamente o conceito de "deus", mas cada religião tem um conceito de "deus" diferente, então será que todos esses "deuses" são verdadeiros? CLARO QUE NÃO! Só existe um único Deus Verdadeiro: a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), fora disso não há Deus verdadeiro, consequentemente fora disso não há religião verdadeira, pois não tem a Verdade.

Infelizmente há uma teoria nascida em alguns ambientes teológicos que tem essa mentalidade de que o Cristo (Logos cósmico) “estaria presente em todas as religiões do mundo, não só no Cristianismo". Isto leva à conclusão de que não se deveria fazer um esforço missionário de evangelização e catequese dos povos não católicos, mas apenas cuidar da promoção temporal e econômica de todos os povos. Ou seja, a Igreja deixaria de ter uma missão evangelizadora pra ter uma missão sociológica, política, temporal, econômica. É o que se passa na cabeça das pessoas que defendem essa tese que anula o conceito de verdade e relativiza todas as mensagens religiosas, colocando no mesmo plano o politeísmo, o panteísmo e o monoteísmo, como se todas as religiões fossem boas e igualmente verdadeiras. Essa proposta nega radicalmente o Cristianismo, trai Jesus Cristo (como já foi dito) e esvazia a missão da Igreja.

As conseqüências dessa mentalidade são simplesmente devastadoras. A finalidade da evangelização é desviada e reduzida, a necessidade da fé em Jesus Cristo, do batismo e da Igreja, é posta em dúvida. “Neste contexto do pluralismo religioso – exclama um teólogo indiano – ainda tem sentido proclamar Cristo como o único Nome em que todos os homens encontram a salvação a chamar a fazerem-se discípulos mediante o batismo e a entrar na Igreja”?

Muito conveniente lembrarmos aquilo que São Pedro disse em Atos 4,12: “Não há, debaixo do céu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos.” A Palavra é clara: não existe outro nome, a não ser em Jesus Cristo, em que tenhamos Salvação.

Agora eu fico abismado de ver pessoas de dentro da Igreja dizer que “a Salvação está em qualquer igreja”. Como Jesus Cristo estivesse em todas as igrejas e querem defender isso, querem defender que há um certo “cristo cósmico” que está em todas religiões e que salva em todas as religiões e que não precisa a Igreja Católica fazer esse proselitismo e essa “propaganda” que ela fica fazendo dela mesma de que só nela se salva.

O abandono das estações missionárias, das pregações do Evangelho e da catequese, por parte dos missionários, do clero, das religiosas, e a fuga para obras sociais, como também o contínuo falar em sentido redutivo dos “valores do Reino” (justiça, paz) é um fenômeno difundido na Ásia e propagandeado por alguns centros missionários, também noutros continentes.

É muito triste ver que os missionários vão abandonando a evangelização vão abandonando a pregação do evangelho, da catequese pra fazer apenas obras sociais, como se Cristo tivesse instituído a Igreja para fazer obras sociais. Nisso a Igreja é traída profundamente, Cristo é traído profundamente, o Evangelho é traído profundamente. É o que acontece com os adeptos da “Teologia da Libertação” que partem só para o social, só para o político, só para o econômico, exatamente porque consideram que a pessoa se salva em qualquer religião, tanto faz a macumba, o candomblé, o espiritismo, o protestantismo, o seicho-no-ie ou qualquer outra religião, já que “Cristo está em todas elas”. Meus irmãos, ISSO É UM ABSURDO!


JESUS CRISTO É O SALVADOR! NÃO HÁ SALVAÇÃO FORA DA IGREJA, NÃO HÁ SALVAÇÃO FORA DE JESUS CRISTO!

Devemos levar o Evangelho do Senhor por toda parte, como fazia São Paulo. Paulo não ia lá no meio dos gentios dizer “vocês estão todos certos”. NÃO! Muito pelo contrário, ele falava sem medo: “Eu vim trazer pra vocês o mistério que estava escondido em todos os tempos: Jesus Cristo, nosso Senhor. Deixem o paganismo, deixem essas práticas que vocês vivem, venham ser cristãos, venham ser batizados, venham para a Igreja de Jesus que é o próprio Corpo de Cristo”. É o que Paulo pregava! Agora será que nós vamos esquecer de tudo isso e trair Nosso Senhor Jesus Cristo?





Fontes: 

Prof. Felipe Aquino; do áudio “Curso Bíblico - Do Gênesis ao Apocalipse”:CB389 - Colossenses (3) - Salvação só em Jesus Cristo.

Cardeal Josef Tomko; do Consistório dos Cardeais, em Roma, de 4 a 6 de abril de 1991.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

O que o católico deve fazer na política? A Santa Sé nos ensina.



CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

NOTA DOUTRINAL
sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política

A Congregação para a Doutrina da Fé, ouvido também o parecer do Pontifício Conselho para os Leigos, achou por bem publicar a presente “Nota doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política”. A Nota é endereçada aos Bispos da Igreja Católica e, de modo especial, aos políticos católicos e a todos os fiéis leigos chamados a tomar parte na vida pública e política nas sociedades democráticas.


I. Um ensinamento constante

1. O empenho do cristão no mundo em dois mil anos de história manifestou-se seguindo diversos percursos. Um deles concretizou-se através da participação na acção política: os cristãos, afirmava um escritor eclesiástico dos primeiros séculos, “participam na vida pública como cidadãos”[1]. A Igreja venera entre os seus Santos numerosos homens e mulheres que serviram a Deus através do seu generoso empenho nas actividades políticas e de governo. Entre eles, São Tomás Moro, proclamado Padroeiro dos Governantes e dos Políticos, soube testemunhar até ao martírio a “dignidade inalienável da consciência”[2]. Embora sujeito a diversas formas de pressão psicológica, negou-se a qualquer compromisso e, sem abandonar “a constante fidelidade à autoridade e às legítimas instituições” em que se distinguiu, afirmou com a sua vida e com a sua morte que “o homem não pode separar-se de Deus nem a política da moral”[3].  

As sociedades democráticas actuais, onde louvavelmente todos participam na gestão da coisa pública num clima de verdadeira liberdade[4], exigem novas e mais amplas formas de participação na vida pública da parte dos cidadãos, cristãos e não cristãos. Todos podem, de facto, contribuir através do voto na eleição dos legisladores e dos governantes e, também de outras formas na definição das orientações políticas e das opções legislativas que, no seu entender, melhor promovam o bem comum[5]. Num sistema político democrático, a vida não poderia processar-se de maneira profícua sem o envolvimento activo, responsável e generoso de todos, “mesmo na diversidade e complementaridade de formas, níveis, funções e responsabilidades”[6].

Através do cumprimento dos comuns deveres civis, “guiados pela consciência cristã”[7] e em conformidade com os valores com ela congruentes, os fiéis leigos desempenham também a função que lhes é própria de animar cristãmente a ordem temporal, no respeito da natureza e da legítima autonomia da mesma[8], e cooperando com os outros cidadãos, segundo a sua competência específica e sob a própria responsabilidade[9]. É consequência deste ensinamento fundamental do Concílio Vaticano II que “os fiéis leigos não podem de maneira nenhuma abdicar de participar na ‘política’, ou seja, na multíplice e variada acção económica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover de forma orgânica e institucional o bem comum”[10], que compreende a promoção e defesa de bens, como são a ordem pública e a paz, a liberdade e a igualdade, o respeito da vida humana e do ambiente, a justiça, a solidariedade, etc. 

A presente Nota não tem a pretensão de repropor o inteiro ensinamento da Igreja em matéria, aliás resumido, nas suas linhas essenciais, no Catecismo da Igreja Católica; entende apenas relembrar alguns princípios próprios da consciência cristã, que inspiram o empenho social e político dos católicos nas sociedades democráticas[11]. Fá-lo, porque nestes últimos tempos, não raras vezes sob a pressão dos acontecimentos, apareceram orientações ambíguas e posições discutíveis, que tornam oportuna a clarificação de aspectos e dimensões importantes da temática em questão.


II. Alguns pontos fulcrais no actual debate cultural e político

2. A sociedade civil encontra-se hoje dentro de um processo cultural complexo, que evidencia o fim de uma época e a incerteza relativamente à nova que desponta no horizonte. As grandes conquistas de que se é espectadores obrigam a rever o caminho positivo que a humanidade percorreu no progresso e na conquista de condições de vida mais humanas. O crescimento de responsabilidades para com os Países ainda em fase de desenvolvimento é certamente um sinal de grande relevância, que denota a crescente sensibilidade pelo bem comum. Ao mesmo tempo, porém, não se podem ignorar os graves perigos, para os quais certas tendências culturais tentam orientar as legislações e, por conseguinte, os comportamentos das futuras gerações. 

Constata-se hoje um certo relativismo cultural, que apresenta sinais evidentes da sua presença, quando teoriza e defende um pluralismo ético que sanciona a decadência e a dissolução da razão e dos princípios da lei moral natural. Em conformidade com essa tendência, não é raro, infelizmente, encontrar, em declarações públicas, afirmações que defendem que esse pluralismo ético é condição para a democracia[12]. Assim, verifica-se que, por um lado, os cidadãos reivindicam para as próprias escolhas morais a mais completa autonomia e, por outro, os legisladores julgam respeitar essa liberdade de escolha, quando formulam leis que prescindem dos princípios da ética natural, deixando-se levar exclusivamente pela condescendência com certas orientações culturais ou morais transitórias[13], como se todas as concepções possíveis da vida tivessem o mesmo valor. Ao mesmo tempo, invocando erroneamente o valor da tolerância, pede-se a uma boa parte dos cidadãos – entre eles, aos católicos – que renunciem a contribuir para a vida social e política dos próprios Países segundo o conceito da pessoa e do bem comum que consideram humanamente verdadeiro e justo, a realizar através dos meios lícitos que o ordenamento jurídico democrático põe, de forma igual, à disposição de todos os membros da comunidade política. Basta a história do século XX para demonstrar que a razão está do lado daqueles cidadãos que consideram totalmente falsa a tese relativista, segundo a qual, não existiria uma norma moral, radicada na própria natureza do ser humano e a cujo ditame deva submeter-se toda a concepção do homem, do bem comum e do Estado. 

3. Uma tal concepção relativista do pluralismo nada tem a ver com a legítima liberdade dos cidadãos católicos de escolherem, entre as opiniões políticas compatíveis com a fé e a lei moral natural, a que, segundo o próprio critério, melhor se coaduna com as exigências do bem comum. A liberdade política não é nem pode ser fundada sobre a ideia relativista, segundo a qual, todas as concepções do bem do homem têm a mesma verdade e o mesmo valor, mas sobre o facto de que as actividades políticas visam, vez por vez, a realização extremamente concreta do verdadeiro bem humano e social, num contexto histórico, geográfico, económico, tecnológico e cultural bem preciso. Do concreto da realização e da diversidade das circunstâncias brota necessariamente a pluralidade de orientações e de soluções, que porém devem ser moralmente aceitáveis. Não cabe à Igreja formular soluções concretas – e muito menos soluções únicas – para questões temporais, que Deus deixou ao juízo livre e responsável de cada um, embora seja seu direito e dever pronunciar juízos morais sobre realidades temporais, quando a fé ou a lei moral o exijam[14]. Se o cristão é obrigado a “admitir a legítima multiplicidade e diversidade das opções temporais”[15], é igualmente chamado a discordar de uma concepção do pluralismo em chave de relativismo moral, nociva à própria vida democrática, que tem necessidade de bases verdadeiras e sólidas, ou seja, de princípios éticos que, por sua natureza e função de fundamento da vida social, não são “negociáveis”. 

No plano da militância política concreta, há que ter presente que o carácter contingente de algumas escolhas em matéria social, o facto de muitas vezes serem moralmente possíveis diversas estratégias para realizar ou garantir um mesmo valor substancial de fundo, a possibilidade de interpretar de maneira diferente alguns princípios basilares da teoria política, bem como a complexidade técnica de grande parte dos problemas políticos, explicam o facto de geralmente poder dar-se uma pluralidade de partidos, dentro dos quais os católicos podem escolher a sua militância para exercer – sobretudo através da representação parlamentar – o seu direito-dever na construção da vida civil do seu País[16]. Tal constatação óbvia não pode todavia confundir-se com um indistinto pluralismo na escolha dos princípios morais e dos valores substanciais, a que se faz referência. A legítima pluralidade de opções temporais mantém íntegra a matriz donde promana o empenho dos católicos na política, e esta matriz liga-se directamente à doutrina moral e social cristã. É com um tal ensinamento que os leigos católicos têm de confrontar-se constantemente para poder ter a certeza que a própria participação na vida política é pautada por uma coerente responsabilidade para com as realidades temporais. 

A Igreja é consciente que se, por um lado, a via da democracia é a que melhor exprime a participação directa dos cidadãos nas escolhas políticas, por outro, isso só é possível na medida que exista, na sua base, uma recta concepção da pessoa[17]. Sobre este princípio, o empenho dos católicos não pode descer a nenhum compromisso; caso contrário, viriam a faltar o testemunho da fé cristã no mundo e a unidade e coerência interiores dos próprios fiéis. A estrutura democrática, sobre que pretende construir-se um Estado moderno, seria um tanto frágil, se não tiver como seu fundamento a centralidade da pessoa. É, aliás, o respeito pela pessoa que torna possível a participação democrática. Como ensina o Concílio Vaticano II, a tutela “dos direitos da pessoa humana é condição necessária para que os cidadãos, individualmente ou em grupo, possam participar activamente na vida e na gestão da coisa pública”[18]


Créditos: Comunidade Católica Pantokrator

4. É a partir daqui que se estende a complexa teia de problemáticas actuais, que não tem comparação com as dos séculos passados. O avanço da ciência, com efeito, permitiu atingir metas que abalam a consciência e obrigam a encontrar soluções capazes de respeitar, de forma coerente e sólida, os princípios éticos. Assiste-se, invés, a tentativas legislativas que, sem se preocuparem com as consequências das mesmas para a existência e o futuro dos povos na formação da cultura e dos comportamentos sociais, visam quebrar a intangibilidade da vida humana. Os católicos, em tal emergência, têm o direito e o dever de intervir, apelando para o sentido mais profundo da vida e para a responsabilidade que todos têm perante a mesma. 

João Paulo II, na linha do perene ensinamento da Igreja, afirmou repetidas vezes que quantos se encontram directamente empenhados nas esferas da representação legislativa têm a “clara obrigação de se opor” a qualquer lei que represente um atentado à vida humana. Para eles, como para todo o católico, vale a impossibilidade de participar em campanhas de opinião em favor de semelhantes leis, não sendo a ninguém consentido apoiá-las com o próprio voto[19]. Isso não impede, como ensinou João Paulo II na Carta Encíclica Evangelium vitae sobre a eventualidade de não ser possível evitar ou revogar totalmente uma lei abortista já em vigor ou posta em votação, que “um parlamentar, cuja pessoal oposição absoluta ao aborto seja clara e por todos conhecida, possa licitamente dar o próprio apoio a propostas tendentes a limitar os danos de uma tal lei e a diminuir os seus efeitos negativos no plano da cultura e da moralidade pública”[20]

Neste contexto, há que acrescentar que a consciência cristã bem formada não permite a ninguém favorecer, com o próprio voto, a actuação de um programa político ou de uma só lei, onde os conteúdos fundamentais da fé e da moral sejam subvertidos com a apresentação de propostas alternativas ou contrárias aos mesmos. Uma vez que a fé constitui como que uma unidade indivisível, não é lógico isolar um só dos seus conteúdos em prejuízo da totalidade da doutrina católica. Não basta o empenho político em favor de um aspecto isolado da doutrina social da Igreja para esgotar a responsabilidade pelo bem comum. Nem um católico pode pensar em delegar a outros o empenho que, como cristão, lhe vem do evangelho de Jesus Cristo de anunciar e realizar a verdade sobre o homem e o mundo. 

Quando a acção política se confronta com princípios morais que não admitem abdicações, excepções ou compromissos de qualquer espécie, é então que o empenho dos católicos se torna mais evidente e grávido de responsabilidade. Perante essas exigências éticas fundamentais e irrenunciáveis, os crentes têm, efectivamente, de saber que está em jogo a essência da ordem moral, que diz respeito ao bem integral da pessoa. É o caso das leis civis em matéria de aborto e de eutanásia (a não confundir com a renúncia ao excesso terapêutico, legítimo, mesmo sob o ponto de vista moral), que devem tutelar o direito primário à vida, desde o seu concebimento até ao seu termo natural. Do mesmo modo, há que afirmar o dever de respeitar e proteger os direitos do embrião humano. Analogamente, devem ser salvaguardadas a tutela e promoção da família, fundada no matrimónio monogâmico entre pessoas de sexo diferente e protegida na sua unidade e estabilidade, perante as leis modernas em matéria de divórcio: não se pode, de maneira nenhuma, pôr juridicamente no mesmo plano com a família outras formas de convivência, nem estas podem receber, como tais, um reconhecimento legal. Igualmente, a garantia da liberdade de educação, que os pais têm em relação aos próprios filhos, é um direito inalienável, aliás reconhecido nas Declarações internacionais dos direitos humanos. No mesmo plano, devem incluir-se a tutela social dos menores e a libertação das vítimas das modernas formas de escravidão (pense-se, por exemplo, na droga e na exploração da prostituição). Não podem ficar fora deste elenco o direito à liberdade religiosa e o progresso para uma economia que esteja ao serviço da pessoa e do bem comum, no respeito da justiça social, do princípio da solidariedade humana e do de subsidariedade, segundo o qual “os direitos das pessoas, das famílias e dos grupos, e o seu exercício têm de ser reconhecidos”[21]. Como não incluir, enfim, nesta exemplificação, o grande tema da paz? Uma visão irénica e ideológica tende, por vezes, a secularizar o valor da paz; noutros casos, cede-se a um juízo ético sumário, esquecendo a complexidade das razões em questão. A paz é sempre “fruto da justiça e efeito da caridade”[22]; exige a recusa radical e absoluta da violência e do terrorismo e requer um empenho constante e vigilante da parte de quem está investido da responsabilidade política. 


III. Princípios da doutrina católica sobre laicidade e pluralismo

5. Se, perante tais problemáticas, é lícito pensar em utilizar uma pluralidade de metodologias que reflectem sensibilidades e culturas diferentes, já não é consentido a nenhum fiel apelar para o princípio do pluralismo e da autonomia dos leigos em política, para favorecer soluções que comprometam ou atenuem a salvaguarda das exigências éticas fundamentais ao bem comum da sociedade. Por si, não se trata de “valores confessionais”, uma vez que tais exigências éticas radicam-se no ser humano e pertencem à lei moral natural. Não exigem, da parte de quem as defende, a profissão de fé cristã, embora a doutrina da Igreja as confirme e tutele, sempre e em toda a parte, como um serviço desinteressado à verdade sobre o homem e ao bem comum das sociedades civis. Não se pode, por outro lado, negar que a política deve também regular-se por princípios que têm um valor absoluto próprio, precisamente por estarem ao serviço da dignidade da pessoa e do verdadeiro progresso humano.

6. O apelo que muitas vezes se faz à “laicidade” que deveria guiar à acção dos católicos, exige uma clarificação, não apenas de terminologia. A promoção segundo consciência do bem comum da sociedade política nada tem a ver com o “confessionalismo” ou a intolerância religiosa. Para a doutrina moral católica, a laicidade entendida como autonomia da esfera civil e política da religiosa e eclesiástica – mas não da moral – é um valor adquirido e reconhecido pela Igreja, e faz parte do património de civilização já conseguido[23]. João Paulo II repetidas vezes alertou para os perigos que derivam de qualquer confusão entre esfera religiosa e esfera política. “São extremamente delicadas as situações, em que uma norma especificamente religiosa se torna, ou tende a tornar-se, lei do Estado, sem que se tenha na devida conta a distinção entre as competências da religião e as da sociedade política. Identificar a lei religiosa com a civil pode efectivamente sufocar a liberdade religiosa e até limitar ou negar outros direitos humanos inalienáveis”[24]. Todos os fiéis têm plena consciência de que os actos especificamente religiosos (profissão da fé, prática dos actos de culto e dos sacramentos, doutrinas teológicas, comunicação recíproca entre as autoridades religiosas e os fiéis, etc.) permanecem fora das competências do Estado, que nem deve intrometer-se neles nem, de forma alguma, exigi-los ou impedi-los, a menos de fundadas exigências de ordem pública. O reconhecimento dos direitos civis e políticos e a realização de serviços públicos não podem estar condicionados a convicções ou prestações de natureza religiosa da parte dos cidadãos.

Completamente diferente é a questão do direito-dever dos cidadãos católicos, aliás como de todos os demais cidadãos, de procurar sinceramente a verdade e promover e defender com meios lícitos as verdades morais relativas à vida social, à justiça, à liberdade, ao respeito da vida e dos outros direitos da pessoa. O facto de algumas destas verdades serem também ensinadas pela Igreja não diminui a legitimidade civil e a “laicidade” do empenho dos que com elas se identificam, independentemente do papel que a busca racional e a confirmação ditada pela fé tenham tido no seu reconhecimento por parte de cada cidadão. A “laicidade”, de facto, significa, em primeiro lugar, a atitude de quem respeita as verdades resultantes do conhecimento natural que se tem do homem que vive em sociedade, mesmo que essas verdades sejam contemporaneamente ensinadas por uma religião específica, pois a verdade é uma só. Seria um erro confundir a justa autonomia, que os católicos devem assumir em política, com a reivindicação de um princípio que prescinde do ensinamento moral e social da Igreja.

Intervindo nesta matéria, o Magistério da Igreja não pretende exercer um poder político nem eliminar a liberdade de opinião dos católicos em questões contingentes. Entende, invés – como é sua função própria – instruir e iluminar a consciência dos fiéis, sobretudo dos que se dedicam a uma participação na vida política, para que o seu operar esteja sempre ao serviço da promoção integral da pessoa e do bem comum. O ensinamento social da Igreja não é uma intromissão no governo de cada País. Não há dúvida, porém, que põe um dever moral de coerência aos fiéis leigos, no interior da sua consciência, que é única e unitária. “Não pode haver, na sua vida, dois caminhos paralelos: de um lado, a chamada vida ‘espiritual’, com os seus valores e exigências, e, do outro, a chamada vida ‘secular’, ou seja, a vida de família, de trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura. O ramo, enxertado na videira, que é Cristo, leva a sua linfa a todo o sector da actividade e da existência. Pois todos os variados campos da vida laical fazem parte do plano de Deus, que quer que eles sejam como que o ‘lugar histórico’ onde se revela e se realiza o amor de Jesus Cristo para glória do Pai e serviço aos irmãos. Qualquer actividade, qualquer situação, qualquer empenho concreto – quais, por exemplo, a competência e a solidariedade no trabalho, o amor e a dedicação à família e à educação dos filhos, o serviço social e político, a proposta da verdade no ­âmbito da cultura – são ocasiões providenciais para um ‘constante exercício da fé, da esperança e da caridade’”[25]

Viver e agir politicamente em conformidade com a própria consciência não significa acomodar-se passivamente em posições estranhas ao empenho político ou numa espécie de confessionalismo; é, invés, a expressão com que os cristãos dão o seu coerente contributo para que, através da política, se instaure um ordenamento social mais justo e coerente com a dignidade da pessoa humana.

Nas sociedades democráticas todas as propostas são discutidas e avaliadas livremente. Aquele que, em nome do respeito da consciência individual, visse no dever moral dos cristãos de ser coerentes com a própria consciência um sinal para desqualificá-los politicamente, negando a sua legitimidade de agir em política de acordo com as próprias convicções relativas ao bem comum, cairia numa espécie de intolerante laicismo. Com tal perspectiva pretende-se negar, não só qualquer relevância política e cultural da fé cristã, mas até a própria possibilidade de uma ética natural. Se assim fosse, abrir-se-ia caminho a uma anarquia moral, que nada e nunca teria a ver com qualquer forma de legítimo pluralismo. A prepotência do mais forte sobre o fraco seria a consequência lógica de uma tal impostação. Aliás, a marginalização do Cristianismo não poderia ajudar ao projecto de uma sociedade futura e à concórdia entre os povos; seria, pelo contrário, uma ameaça para os próprios fundamentos espirituais e culturais da civilização[26] 


IV. Considerações sobre aspectos particulares

7. Aconteceu, em circunstâncias recentes, que também dentro de algumas associações ou organizações de inspiração católica, surgiram orientações em defesa de forças e movimentos políticos que, em questões éticas fundamentais, exprimiram posições contrárias ao ensinamento moral e social da Igreja. Tais escolhas e alinhamentos, estando em contradição com princípios basilares da consciência cristã, não são compatíveis com a pertença a associações ou organizações que se definem católicas. Verificou-se igualmente, que certas revistas e jornais católicos em determinados países, por ocasião de opções políticas, orientaram os eleitores de modo ambíguo e incoerente, criando equívocos sobre o sentido da autonomia dos católicos em política, e não tendo em conta os princípios acima referidos. 

A fé em Jesus Cristo, que Se definiu a Si mesmo “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6), exige dos cristãos o esforço de se empenharem mais decididamente na construção de uma cultura que, inspirada no Evangelho, reproponha o património de valores e conteúdos da Tradição católica. A necessidade de apresentar em termos culturais modernos o fruto da herança espiritual, intelectual e moral do catolicismo torna-se extremamente urgente e inadiável, até para se evitar o risco de uma diáspora cultural dos católicos. Por outro lado, a espessura cultural alcançada e a madura experiência de empenho político que os católicos, em diversos países, souberam exprimir, sobretudo nas décadas a seguir à segunda guerra mundial, não permite pô-los em nenhum complexo de inferioridade relativamente a outras propostas que a história recente mostrou serem fracas ou radicalmente falimentares. É insuficiente e redutivo pensar que o empenho social dos católicos possa limitar-se a uma simples transformação das estruturas, porque, não existindo na sua base uma cultura capaz de acolher, justificar e projectar as instâncias que derivam da fé e da moral, as transformações apoiar-se-iam sempre em alicerces frágeis.

A fé nunca pretendeu manietar num esquema rígido os conteúdos socio-políticos, bem sabendo que a dimensão histórica, em que o homem vive, impõe que se admita a existência de situações não perfeitas e, em muitos casos, em rápida mudança. Neste âmbito, há que recusar as posições políticas e os comportamentos que se inspiram numa visão utópica que, ao transformar a tradição da fé bíblica numa espécie de profetismo sem Deus, instrumentaliza a mensagem religiosa, orientando a consciência para uma esperança unicamente terrena que anula ou redimensiona a tensão cristã para a vida eterna.

Ao mesmo tempo, a Igreja ensina que não existe autêntica liberdade sem a verdade. “Verdade e liberdade ou se conjugam juntas ou miseramente juntas desaparecem”, escreveu João Paulo II[27]. Numa sociedade, onde a verdade não for prospectada e não se procurar alcançá-la, resultará também enfraquecida toda a forma de exercício autêntico de liberdade, abrindo-se o caminho a um libertinismo e individualismo, prejudiciais à tutela do bem da pessoa e da inteira sociedade.

8. A tal propósito, convém recordar uma verdade que hoje nem sempre é bem entendida ou formulada com exactidão na opinião pública corrente; a de que o direito à liberdade de consciência e, de modo especial, à liberdade religiosa, proclamado pela Declaração Dignitatis humanae do Concílio Vaticano II, está fundado sobre a dignidade ontológica da pessoa humana e, de maneira nenhuma, sobre uma inexistente igualdade entre as religiões e os sistemas culturais humanos[28]. Nesta linha, o Papa Paulo VI afirmou que “o Concílio, de modo nenhum, funda um tal direito à liberdade religiosa sobre o facto de que todas as religiões e todas as doutrinas, mesmo erróneas, tenham um valor mais ou menos igual; funda-o, invés, sobre a dignidade da pessoa humana, que exige que não se a submeta a constrições exteriores, tendentes a coarctar a consciência na procura da verdadeira religião e na adesão à mesma”[29]. A afirmação da liberdade de consciência e da liberdade religiosa não está, portanto, de modo nenhum em contradição com a condenação que a doutrina católica faz do indiferentismo e do relativismo religioso[30]; pelo contrário, é plenamente coerente com ela. 


V. Conclusão 

9. As orientações contidas na presente Nota entendem iluminar um dos mais importantes aspectos da unidade de vida do cristão: a coerência entre a fé e a vida, entre o evangelho e a cultura, recomendada pelo Concílio Vaticano II. Este exorta os fiéis “a cumprirem fielmente os seus deveres temporais, deixando-se conduzir pelo espírito do evangelho. Afastam-se da verdade aqueles que, pretextando que não temos aqui cidade permanente, pois demandamos a futura, crêem poder, por isso mesmo, descurar as suas tarefas temporais, sem se darem conta de que a própria fé, de acordo com a vocação de cada um, os obriga a um mais perfeito cumprimento delas”. Queiram os fiéis “poder exercer as suas actividades terrenas, unindo numa síntese vital todos os esforços humanos, familiares, profissionais, científicos e técnicos, com os valores religiosos, sob cuja altíssima jerarquia tudo coopera para a glória de Deus”[31].


O Sumo Pontífice João Paulo II na Audiência de 21 de Novembro de 2002 aprovou a presente Nota, decidida na Sessão Ordinária desta Congregação, e mandou que fosse publicada. 
Roma, sede da Congregação para a Doutrina da Fé, 24 de Novembro de 2002, Solenidade de N. S. Jesus Cristo Rei do Universo. 

Joseph Card. Ratzinger
Prefeito
Tarcísio Bertone, SDB
Arcebispo emérito de Vercelli
Secretário


[1] Carta a Diogneto, 5.5. Cfr. também Catecismo da Igreja Católica, n. 2240.
[2] João Paulo II, Carta Apost. Motu Proprio dada para a proclamação de São Tomás Moro, Padroeiro dos Governantes e dos Políticos, n. 1, AAS 93 (2001) 76-80.
[3] Ibid., n. 4.
[4] Cfr.Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 31; Catecismo da Igreja Católica, n. 1915.
[5] Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 75.
[6] João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles laici, n. 42, AAA 81 (1989) 393-521. A presente Nota doutrinal refere-se obviamente ao empenho político dos fiéis leigos. Os Pastores têm o direito e o dever de propor os princípios morais também sobre a ordem social; “todavia, a participação activa nos partidos políticos é reservada aos leigos” (João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles laici, n. 60). Cfr. também Congregação para o Clero,Directório para o ministério e a vida dos presbíteros, 31 de Março de 1994, n. 33. 
[7] Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 76.
[8] Cfr. Ibid., n. 36.
[9] Cfr. Concílio Vaticano II, Decr. Apostolicam actuositatem, n. 7; Const. Dogm. Lumen gentium, n. 36 e Const. Past. Guadium et spes, nn. 31 e 43.
[10] João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles laici, n. 42. 
[11] Nos últimos dois séculos, o Magistério pontifício várias vezes se ocupou das principais questões relativas à ordem social e política. Cfr. Leão XIII, Carta Enc. Diuturnum illud, ASS 14 (1881/82) 4ss; Carta Enc. Immortale Dei, ASS 18 (1885/86) 162ss; Carta Enc. Libertas praestantissimum, ASS 20 (1887/88) 593ss; Carta Enc. Rerum novarum, ASS 23 (1890/91) 643ss; Bento XV, Carta Enc. Pacem Dei munus pulcherrimum, AAS 12 (1920) 209ss; Pio XI, Carta Enc. Quadragesimo anno, AAS 23 (1931) 190ss. Carta Enc. Mit brennender Sorge, AAS 29 (1937) 145-167; Carta Enc. Divini Redemptoris, AAS 29 (1937) 78ss; Pio XII, Carta Enc. Summi Pontificatus, AAS 31 (1939) 423ss; Rádio-mensagens natalícias 1941-1944; João XXIII, Carta Enc. Mater et magistra, AAS 53 (1961) 401-464; Carta Enc. Pacem in terris, AAS 55 (1963) 257-304; Paulo VI, Carta Enc. Populorum progressio, AAS 59 (1967) 257-299; Carta Apost. Octogesima adveniens, AAS 63 (1971) 401-441.
[12] Cfr. João Paulo II, Carta Enc. Centesimus annus, n. 46, AAS 83 (1991) 793-867; Carta Enc. Veritatis splendor, n. 101, AAS 85 (1993) 1133-1228; Discurso ao Parlamento Italiano em sessão pública comum, n. 5, in:L’Osservatore Romano, 15 de Novembro de 2002.
[13] Cfr. João Paulo II, Carta Enc. Evangelium vitae, n. 22, AAS 87 (1995) 401-522.
[14] Cfr. Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 76.
[15] Ibid., n. 75.
[16] Cfr. Ibid., nn. 43 e 75.
[17] Cfr. Ibid., n. 25.
[18] Ibid., n. 73.
[19] João Paulo II, Carta Enc. Evangelium vitae, n. 73.
[20] Ibid.
[21] Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 75.
[22] Catecismo da Igreja Católica, n. 2304.
[23] Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 76.
[24] João Paulo II, Mensagem para a celebração do Dia Mundial da Paz de 1991: “Se queres a paz, respeita a consciência de cada homem”, IV, AAS 83 (1991) 410-421.
[25] João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles laici, n. 59. A citação interna é do Concílio Vaticano II, Decr.Apostolicam actuositatem, n. 4.
[26] João Paulo II, Discurso ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, in: L’Osservatore Romano, 11 de Janeiro de 2002.
[27] João Paulo II, Carta Enc. Fides et ratio, n. 90, AAS 91 (1999) 5-88.
[28] Cfr.Concílio Vaticano II, Decl. Dignitatis humanae, n. 1: “O Sagrado Concílio professa, em primeiro lugar, que o próprio Deus manifestou ao género humano o caminho por que os homens, servindo-O, podem ser salvos e tornar-se felizes em Cristo. Acreditamos que esta única verdadeira religião se verifica na Igreja Católica”. Isto não impede que a Igreja nutra um sincero respeito pelas várias tradições religiosas; pelo contrário, considera que nelas estão presentes “elementos de verdade e bondade”. Cfr. Concílio Vaticano II, Const. Dogm. Lumen gentium, n. 16; Decr. Ad gentes, n. 11; Decl. Nostra aetate, n. 2; João Paulo II, Carta Enc. Redemptoris missio, n. 55, AAS 83 (1991) 249-340; Congregação para a Doutrina da Fé, Decl. Dominus Iesus, nn. 2. 8. 21, AAS 92 (2000) 742-765.
[29] Paulo VI, Discurso ao Sacro Colégio e aos Prelados Romanos, in: Insegnamenti di Paolo VI, 14 (1976) 1088-1089.
[30] Cfr. Pio IX, Carta Enc. Quanta cura, ASS 3 (1867) 162; Leão XIII, Carta Enc. Immortale Dei, ASS 18 (1885) 170-171; Pio XI, Carta Enc. Quas primas, AAS 17 (1925) 604-605; Catecismo da Igreja Católica, n. 2108; Congregação para a Doutrina da Fé, Decl. Dominus Iesus, n. 22.
[31] Concílio Vaticano II, Const. Past. Gaudium et spes, n. 43; Cfr. também João Paulo II, Exort. Apost.Christifideles laici, n. 59.

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